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Hacker recebeu R$ 15 mil para entregar senhas em golpe que desviou R$ 541 milhões

A Polícia Civil de São Paulo revelou, nesta sexta-feira (4), detalhes do que está sendo considerado o maior golpe cibernético contra instituições financeiras do Brasil. O crime teria começado com uma abordagem aparentemente casual na saída de um bar, no bairro do Jaraguá, zona oeste da capital paulista.

Segundo a investigação conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), João Nazareno Roque, de 48 anos, foi preso por suspeita de envolvimento no esquema. Roque, operador de Tecnologia da Informação, confessou que recebeu um total de R$ 15 mil para fornecer acessos aos sistemas da empresa C&M Software, que atua como intermediária de transações via PIX entre a empresa BMP e o Banco Central.

Em depoimento à polícia, Roque relatou que, em março deste ano, foi abordado por um homem que demonstrou interesse em conhecer os sistemas da empresa em que ele trabalhava. “Falaram para ele: ‘A gente quer conhecer o sistema da empresa que você trabalha. Sabemos quem você é e te oferecemos R$ 5 mil para conseguir login e senha, e depois mais R$ 10 mil para informações sobre a estrutura e procedimentos internos’”, explicou o delegado Renan Topan, responsável pelo caso.

Com as credenciais fornecidas por Roque — que tinha acesso legítimo aos sistemas da empresa — os hackers conseguiram agir sem levantar suspeitas e desviaram, de forma massiva, mais de R$ 541 milhões. A ação mirou especificamente a empresa BMP, que teve transações manipuladas por meio do sistema de pagamentos instantâneos.

As apurações indicam que Roque teve contato com ao menos três outros integrantes do grupo criminoso. Esses contatos ocorreram por chamadas de voz e mensagens de aplicativo. Os suspeitos ainda não foram identificados formalmente, mas são descritos como jovens.

A Polícia Civil trata João Roque como um insider — pessoa de dentro da estrutura que facilita invasões cibernéticas. Ele foi preso temporariamente e deve responder por associação criminosa e furto qualificado. Agora, os investigadores trabalham na análise do material eletrônico apreendido na residência do suspeito, em busca de novas pistas sobre os demais envolvidos no golpe.

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