Rússia lança ataque massivo contra Ucrânia antes de negociações na Arábia Saudita
A Rússia lançou um ataque massivo de drones e mísseis a instalações de energia ucranianas na manhã desta sexta-feira (07/03), poucos dias após a proposta do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e aliados europeus para que Moscou e Kiev interrompessem os ataques mútuos a infraestruturas críticas.
A Força Aérea da Ucrânia afirmou que a Rússia lançou 67 mísseis e 194 drones no ataque durante a noite, danificando instalações de energia em todo o país, de Kharkiv, no leste, a Ternopil, no oeste. Os militares ucranianos disseram que suas forças derrubaram 34 mísseis e 100 drones. A Aeronáutica ucraniana disse que utilizou pela primeira vez os caças Mirage franceses recebidos por Kiev no mês passado para repelir o ataque aéreo russo.
O Ministério russo da Defesa confirmou que realizou ataques de “precisão” em instalações de energia, alegando que esses locais dariam suporte aos militares ucranianos. O porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia visa “instalações ligadas ao complexo militar-industrial da Ucrânia”.
Setor de energia como alvo
A DTEK, a maior fornecedora privada de energia da Ucrânia, disse que suas instalações na região de Odesa, no Mar Negro, foram alvos de ataques pela quarta noite consecutiva, e que as instalações de gás na região central de Poltava cessaram as operações após serem atingidas no bombardeio noturno.
A empresa estatal de gás Naftogaz também disse que suas instalações de produção foram danificadas, sem fornecer maiores detalhes. Além disso, autoridades em pelo menos cinco regiões ucranianas disseram que a Rússia havia visado instalações de energia.
O ministro da Energia da Ucrânia, German Galushchenko, acusou a Rússia de tentar “prejudicar ucranianos comuns, bombardeando instalações de produção de energia e gás”.
Oito pessoas ficaram feridas em um ataque na sexta-feira em Kharkiv, incluindo uma mulher retirada viva dos escombros, disseram as autoridades da cidade.
Na quinta-feira à noite, o serviço de emergência ucraniano também disse que infraestruturas críticas foram danificadas em um ataque à região de Odesa, no sul, sem que houvesse relato de feridos. Mísseis russos também atingiram uma “instalação industrial crítica” durante a noite na região de Ternopil.
Zelenski pede trégua aérea e marítima
Após os ataques, Zelenski pediu uma trégua nos combates aéreos e marítimos, excluindo as tropas terrestres – ideia inicialmente levantada pela França. “Os primeiros passos para estabelecer uma paz real devem ser forçar a fonte única dessa guerra, a Rússia, a parar tais ataques”, disse o presidente em mensagem no aplicativo Telegram,
O último ataque aéreo russo ocorreu depois que os líderes da União Europeia (UE) concordaram em reforçar as defesas do bloco europeu, abalados pela perspectiva de uma retirada do apoio dos EUA.
Washington disse que as negociações com Kiev estavam à normalidade para buscar um cessar-fogo com Moscou, após o desentendimento entre Zelenski e o presidente americano, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca.
Em uma tentativa de apaziguamento, Zelenski disse na última terça-feira que Kiev estava pronta para ir à mesa de negociações o mais rápido possível e trabalhar sob a liderança de Trump, chamando de “lamentável” a maneira como as coisas ocorreram em Washington.
Negociações em Riad
Em mais um sinal de reengajamento com os EUA, Zelenski disse nesta quinta-feira que viajaria para a Arábia Saudita na próxima segunda-feira para uma reunião com o príncipe herdeiro saudita Mohammed Bin Salman antes das negociações em Riad no final da semana entre autoridades dos EUA e da Ucrânia para negociar uma trégua no conflito.
O enviado especial dos EUA a Kiev, Steve Witkoff, disse que iria conversar com negociadores ucranianos sobre um cessar-fogo inicial assim como sobre uma estrutura para um acordo mais prolongado.
“A Ucrânia está pronta para seguir o caminho da paz, e é a Ucrânia que luta pela paz desde o primeiro segundo desta guerra. A tarefa é forçar a Rússia a parar a guerra”, disse Zelenski no Telegram.
Ainda não está claro se Washington e Kiev podem unir suas diferentes visões para acabar com a guerra.
Kiev vinha pressionado por garantias de segurança robustas, mas os americanos se recusaram a se comprometer, exigindo como contrapartida um potencial acordo envolvendo a exploração de minerais ucranianos.
Nas frentes de batalha, a Ucrânia está em menor número. As forças russas avançam de maneira consistente na região de Donetsk, no leste ucraniano, e aumentam a pressão sobre as tropas ucranianas que tentam manter suas posições na região russa de Kursk.
Trump ameaça Rússia com novas sanções
O presidente americano ameaçou a Rússia com sanções e tarifas em “larga escala” até que um acordo de cessar-fogo e de paz seja negociado com a Ucrânia.
“Com base no fato de que a Rússia está absolutamente ‘massacrando’ a Ucrânia no campo de batalha agora, estou considerando fortemente sanções bancárias, sanções e tarifas em larga escala à Rússia até que um cessar-fogo e um acordo final de paz sejam alcançados”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social. “À Rússia e à Ucrânia, cheguem à mesa agora mesmo, antes que seja tarde demais.”
Dias antes, após o desentendimento entre Trump e Zelenski, o governo americano suspendeu as entregas de ajuda militar dos EUA e o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia.
Trump tem enfrentado duras críticas de aliados e oponentes nos EUA que dizem que ele está do lado de Moscou no conflito com Kiev.
Os Estados Unidos também votaram com a Rússia e contra seus aliados europeus nas resoluções das Nações Unidas que pediam o fim da guerra, sem enfatizar a integridade territorial da Ucrânia.
Trump falou por telefone no mês passado com Putin em um passo inicial para a normalização das relações e visando suspender as sanções impostas pelo ex-presidente Joe Biden devido à invasão russa da Ucrânia.
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