Lula conversa por videoconferência com Trump em meio à crise das tarifas impostas pelos EUA

Em um diálogo realizado por videoconferência na manhã desta segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, mantiveram contato oficial em um momento de tensão entre Brasil e Estados Unidos motivada pelo chamado “tarifaço” – as tarifas elevadas impostas por Washington a produtos brasileiros.
Participantes e pauta do encontro
Além de Lula e Trump, participaram da conversa o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Comunicação).
Do lado brasileiro, Lula fez um pedido claro: que sejam revogadas as tarifas de 40 % impostas sobre exportações brasileiras aos EUA, bem como a retirada de sanções que têm sido aplicadas a autoridades brasileiras.
Os presidentes acenaram para reforçar interlocução direta: trocaram telefones e combinaram um encontro presencial “em breve”. Lula sugeriu que esse encontro ocorra durante a cúpula da ASEAN, na Malásia, prevista para final de outubro.
Além disso, Lula reiterou o convite a Trump para participar da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, e manifestou disposição para deslocar-se aos Estados Unidos.
Contexto político e comercial
O diálogo por vídeo surge num momento em que as relações entre Brasil e EUA estão tensionadas, em grande parte devido às medidas protecionistas adotadas por Washington. Sanções e tarifas elevadas foram impostas a produtos brasileiros, motivadas por disputas comerciais e políticas.
Desde agosto, tarifas de até 50 % estão em vigor para diversas categorias de produtos do Brasil, incluindo café, carnes e castanhas. Para mitigar os efeitos dessas medidas sobre o setor produtivo nacional, o governo brasileiro lançou um plano de socorro, que inclui linhas de crédito especiais, diferimento de tributos e flexibilização nas compras públicas.
O relacionamento também encontra-se acirrado por fatores políticos. Trump mantém proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e parte das sanções políticas de Washington incidem sobre ações relacionadas ao julgamento de Bolsonaro, além de disputas regulatórias envolvendo grandes empresas de tecnologia.
No passado recente, durante a viagem de Lula a Nova York para a Assembleia Geral da ONU, ele e Trump chegaram a se encontrar rapidamente. Trump afirmou que “houve boa química” entre ambos e que acertaram uma futura reunião para tratar das tarifas impostas ao Brasil.
Caminhos adiante e expectativas
A videoconferência marca o início formal das tentativas de retomada de diálogo entre os dois países, com o objetivo de construir um ambiente propício para negociações e estabelecer canais de comunicação contínuos entre Lula e Trump.
Segundo interlocutores do Planalto, há expectativa de que o encontro presencial ocorra em um país terceiro — a Malásia desponta como opção possível — durante a cúpula da ASEAN, entre os últimos dias de outubro.
O aceno à negociação e ao diálogo entre os dois governos ocorre num momento crítico, em que cada movimento diplomático e econômico pode influenciar fortemente o rumo das exportações brasileiras, a estabilidade das relações bilaterais e o cenário político interno de ambos os países.












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