COP30 em Belém: Hospedagem cara gera tensão diplomática e pressiona organização

Belém sob pressão global
A escolha de Belém (PA) como sede da COP30, entre 10 e 21 de novembro de 2025, trouxe à tona uma crise logística que ameaça a participação de diversos países. A capital paraense enfrenta forte questionamento por parte de delegações, ONGs e até chefes de Estado, que apontam os preços elevados das diárias como um obstáculo à inclusão plena da conferência.
Delegações pedem mudança de sede
Mais de 25 países — incluindo nações do Grupo Africano, os Países Menos Desenvolvidos (LDCs) e várias europeias como Áustria, Bélgica e Noruega — chegaram a solicitar formalmente que a conferência fosse transferida para outra cidade. A cobrança é por preços inferiores e melhor infraestrutura.
O governo brasileiro mantém firme a realização da COP30 em Belém e diz que “não há plano B” para mudança de sede. O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, argumenta que a cidade representa simbolicamente os desafios climáticos globais, mas admite que os altos preços são de preocupação real.
Até mesmo o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, cancelou sua participação alegando “disciplina orçamentária” diante dos custos de hospedagem. Diversas embaixadas — da Alemanha, China, Noruega e Reino Unido — também relataram dificuldades logísticas ao Itamaraty.
Soluções emergenciais em discussão:
1. Reuniões com a ONU
A UNFCCC convocou reuniões com o governo brasileiro em agosto para debater as soluções emergenciais: hospedagem, segurança, transporte e alimentação foram os principais tópicos da pauta.
2. Aumento do subsídio da ONU
O Brasil negocia com a ONU um incremento do subsídio para hospedagem, visando equiparar os valores aos praticados em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro (US$ 229–234), atualmente acima de US$ 150 em Belém.
3. Opções de hospedagem alternativa
Foram garantidos 2.500 quartos individuais com tarifas entre US$ 100 e US$ 600 — priorizando países em desenvolvimento no valor mais baixo. Também foram anunciadas opções como motéis adaptados, escolas convertidas em hostels, vilas temporárias, aluguel de imóveis e navios-cruzeiro atracados com cabines para acomodar delegados.
4. Ampliação do fundo fiduciário da ONU
O Brasil busca elevação dos recursos disponibilizados pela ONU para hospedagem, solicitando “uma diária e meia ou duas diárias a mais” no fundo fiduciário de apoio às delegações internacionais.
Crise de exclusão ou sinal de simbolismo?
Organizações como a Climate Action Network e o Observatório do Clima alertam que a disparidade de acomodação pode transformar o símbolo climático em um evento excludente. A intensa tensão logística tem ofuscado temas centrais, como os compromissos pós-Acordo de Paris.
Quadro-resumo: desafios e respostas
| Tema | Situação | Medidas adotadas ou em negociação |
|---|---|---|
| Preços elevados | Hospedagem cara e escassa em Belém | Negociação com hotéis, subsídio da ONU e novas opções de acomodação |
| Inclusão de delegações | Participação ameaçada por custos | Ações emergenciais e cota de quartos a preços acessíveis |
| Mudança de sede | Rejeitada pelo Brasil | Reafirmação de Belém como sede simbólica e inevitável |
| Alternativas viáveis | Logística desafiadora | Escolas, motéis, navios, imóveis e vilas temporárias |
| Críticas globais | Avanço limitado na equidade da conferência | Pressão crescentemente intensa de países vulneráveis |
A COP30 em Belém concentra símbolos poderosos — da Amazônia ao protagonismo climático latino-americano —, mas enfrenta uma crise logística sem precedentes. Com preços abusivos, déficit de hospedagem e risco de exclusão de países vulneráveis, o governo corre contra o relógio para garantir que a conferência mantenha seu propósito: unir o mundo na defesa do clima, sem deixar ninguém para trás.









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